ENTERRO




Enterro baseia-se no conceito que Danton apresenta em seu livro Depois do fim da arte. Quando a história da arte já não delimita-se e não apresenta barreiras entre suas próprias indagações, conceitos ou períodos. Tudo acontece ao mesmo tempo. O livro A história da Arte de H. Gombrich é uma das principais obras em teorias de arte dentro século XX e, se não a mais, um das mais lidas por estudantes, artistas e entusiastas da arte. A performance apropria-se do conceito de exaustão do corpo apresentado por Marina Abramovick, forçando o corpo a uma, ou várias ações durante um tempo muito grande (ela fala sobre 6 horas ou mais). Neste caso o performer vela pelo livro de Gombrich por 12 horas, como em um ritual de despedida do corpo mortal, inspirado por diferentes rituais de morte, principalmente do nordeste brasileiro em comunhão com o hibridismo das religiões brasileiras.
 Performance de Thiago Silva Moraes

Na atualidade o livro físico já tornou-se objeto de desejo/consumo/culto e, em rituais mais antigos de morte, realizam a cremação do corpo. A necessidade do conteúdo já não mais fica presa ao livro físico passando para o mundo virtual/espiritual seu poder de informação. Depois de 12 horas em pé velando o livro o performer faz um ritual de cremação, exaltando a importância e a continuidade do conteúdo e da forma no mundo virtual/espiritual, sendo as cinzas jogadas nos córregos da cidade de Campo Grande, assim como em algumas culturas indígenas onde o corpo é colocado nas águas do rio. A performance foi realizada nos dias XX para XX de junho na rodoviária antiga da capital que passa por um processo de "repaginação", de morte, do antigo para o "novo". A cremação aconteceu em frente a antiga rodoviária.